A personagem-título da comédia norte-americana Juno é uma metralhadora verbal. Ela tem uma resposta inteligente e irônica para tudo. Fala demais, mas nem sempre expressa o que realmente sente. Toda essa esperteza em seu discurso é mais uma autodefesa. Afinal, ela tem só 16 anos e acaba de descobrir que está grávida.
Juno concorre em quatro categorias do Oscar: filme, diretor, roteiro e atriz para Ellen Page (X-Men - O Confronto Final).
Logo nas primeiras cenas, Juno (Page) vai pela terceira vez à loja de conveniência e compra, pela terceira vez, um teste de gravidez - só porque ainda não está devidamente convencida de que está encrencada.
Mais tarde, conversa com a melhor amiga em seu telefone em forma de cheeseburguer e diz que vai fazer um aborto.
Essa primeira opção é logo descartada, não por motivos sentimentais, mas porque Juno fica aflita ao saber que seu feto "já tem unhas" - como garante uma amiga, que carrega um cartaz e faz um protesto solitário diante de uma clínica de aborto.
A solução encontrada por Juno é entregar o bebê em adoção a um casal yuppie. Entram em cena Vanessa (Jennifer Garner, Elektra) e Mark Loring (Jason Bateman) - um casal rico e feliz que parece viver uma vida de seriado de televisão.
Ostentando uma barriga que parece maior do que ela, Juno não abandona suas atividades. Continua indo à escola, indiferente aos olhares de curiosidade e reprovação, e conta com o apoio do pai e da madrasta bem-resolvidos, interpretados por J. K. Simmons e Allison Janney.
Além disso, a garota começa a ser uma presença constante na casa dos Loring, criando situações que mostram que o casal pode não ser tão perfeito quanto parece.
O roteiro de estréia da ex-stripper Diablo Cody acerta ao equilibrar o cinismo de Juno e um tom sentimental, sem exageros.
Os diálogos ganham credibilidade graças à performance irretocável de Ellen Page. A atriz canadense surgiu como uma promessa no longa Meninamá.Com e aqui se consolida como uma das mais competentes de sua geração.
Já Michael Cera (Superbad - É Hoje), como o pai do bebê, é o contraponto de Juno. Ele não tem muito jeito com as palavras, não sabe expressar o que sente. Por isso, deixa todas as decisões a cargo da menina.
A direção do filme é de Jason Reitman (Obrigado Por Fumar), filho de Ivan Reitman (da série Os Caça-Fantasmas), que se mostra um diretor muito hábil.
Desde seu longa anterior, ele demonstra interesse em romper com os tabus da correção política, tocando em feridas da sociedade norte-americana - no caso de Juno, gravidez na adolescência, aborto e adoção.
Fonte; Terra
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