domingo, 5 de março de 2023

"Em 2022, conseguimos apresentar um balanço positivo de R$ 18 milhões"

 

                                          Marcelo Victor

EDUARDO MIRANDA



Ricardo Ayache foi reconduzido, recentemente, para mais um mandato na presidência da Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems).


O médico cardiologista e presidente do PSB de Mato Grosso do Sul está no comando de uma das maiores instituições privadas de saúde do Estado desde 2010 e liderou uma transformação neste segmento, sobretudo por meio da regionalização do atendimento e também de investimentos que contribuíram para elevar a Capital de patamar. 


“É importante destacar o papel da Cassems como indutor do desenvolvimento da saúde em todas as regiões do Estado”, disse. 


Gestor de um dos maiores orçamentos do setor privado de Mato Grosso do Sul, Ayache reforça que as contas da Cassems estão no azul e que as únicas dificuldades ocorreram em 2020, na pandemia.



 


“No ano de 2022, após uma série de medidas administrativas, reduzimos custos em várias áreas e conseguimos apresentar um balanço positivo de R$ 18 milhões, enquanto boa parte das operadoras brasileiras de planos de saúde teve resultados negativos”, afirmou.


Sobre política pública, o médico elogiou a volta das campanhas de vacinação. Confira a entrevista. 


 


O senhor foi eleito para mais um mandato na Cassems. Quais os planos para este novo ciclo?


Teremos uma enorme responsabilidade nos próximos quatro anos.


Entre os projetos da gestão para o próximo quadriênio está a telessaúde – atendimentos por videoconferência –, uma alternativa importante que pretende ampliar o acesso de beneficiários à assistência médica especializada, que é insuficiente no interior do Estado, mantendo, assim, o acompanhamento e o tratamento de pacientes.


É preciso usar toda tecnologia disponível para atender às necessidades dos nossos beneficiários. Vamos inaugurar o novo Hospital Cassems de Dourados, que foi ampliado e passará de 57 leitos para 157. Será um hospital moderno, com tecnologia de ponta, para atender aquela região tão importante do nosso Estado. 


Temos, ainda, o compromisso de implantar o Centro de Atenção à Pessoa com Autismo, um serviço de atenção multidisciplinar aos beneficiários da Cassems.


Queremos também implantar uma UTI e o serviço de hemodinâmica no hospital de Ponta Porã, bem como triplicar o Hospital Cassems de Naviraí, sempre atentos à necessidade de manter o equilíbrio financeiro da Cassems, principalmente neste período pós-pandemia.

 

Como a Cassems, mesmo sendo mais segmentada, contribui para a regionalização da saúde?


É importante destacar o papel da Cassems como indutor do desenvolvimento da saúde em todas as regiões do Estado.


Nos últimos anos, crescemos muito, nossos 10 hospitais levaram tecnologia, novos profissionais das mais diversas especialidades médicas, hotelaria com conceito de humanização, com destaque para a UTI neonatal do nosso hospital de Três Lagoas, a única de toda a costa leste; o serviço de Oncologia em Dourados, que também atende a rede pública; os centros de diagnósticos de Ponta Porã, Aquidauana, Nova Andradina e Paranaíba.


Recentemente, implantamos o primeiro centro de transplante de medula óssea do Estado. Vale ressaltar que o nosso hospital em Campo Grande implantou um novo conceito de assistência hospitalar, aliando tecnologia, humanização e sustentabilidade, bem como o serviço de hemodinâmica e o moderno centro de diagnósticos de Corumbá.


Temos consciência do nosso papel e da nossa responsabilidade no crescimento e no desenvolvimento da saúde em Mato Grosso do Sul.


A Cassems está entre as entidades não públicas com maior receita e dimensão de Mato Grosso do Sul. Como estão as contas da Cassems? 


A Cassems é administrada com muita seriedade, transparência e empreendedorismo, e nos últimos anos evoluímos na profissionalização da gestão. Assim, conseguimos produzir muito com o que arrecadamos.


Hoje, a nossa arrecadação per capita/mês está em torno de R$ 300, muito abaixo do que cobram planos de saúde similares, que têm médias de mensalidades entre R$ 550 e R$ 1 mil. 


A verdade é que administramos com eficiência os recursos que temos, e nesses 22 anos de história da Cassems, apenas em 2021 tivemos um balanço negativo, de cerca de R$ 37 milhões, consequência dos gastos extremos no período de pandemia. 


Vale frisar que, durante a pandemia, tivemos um índice de recuperação de pacientes internados de 89%, muito acima da média nacional, que foi 62%, o que demonstra a qualificação das nossas equipes.


Já no ano de 2022, após uma série de medidas administrativas, reduzimos custos em várias áreas e conseguimos apresentar um balanço positivo de R$ 18 milhões, enquanto boa parte das operadoras brasileiras de planos de saúde teve resultados negativos. 


O pós-pandemia tem sido muito desafiador para os planos de saúde, pois os custos assistenciais continuaram muito elevados.


Esses dados serão apresentados na Assembleia Geral Ordinária de Prestação de Contas, no dia 14 de abril, e estão disponíveis em nosso Portal da Transparência, que, aliás, já tem 10 anos e foi o primeiro de um plano de saúde do País.


A expansão que a rede particular teve na última década no Estado ajudou a tirar um pouco da pressão sobre os hospitais públicos ou de fundações que atendem particular e pelo SUS? Qual a sua opinião?


Com certeza, a ampliação de leitos privados no Estado contribui para reduzir a sobrecarga do nosso sistema de saúde, e contribuímos para isso com os serviços oferecidos em todo o Estado, como disse na resposta anterior.

 

A pandemia de Covid-19 foi um fato marcante para toda a população. O que mudou na gestão hospitalar depois da pandemia?


A pandemia mostrou a importância de todo o sistema de saúde estar preparado para desafios crescentes. Investimentos em saúde serão cada vez mais importantes, diante do envelhecimento populacional e da pandemia de obesidade que enfrentamos. 


Vivemos uma transição epidemiológica que merece atenção especial dos gestores. O grande ensinamento da pandemia de Covid-19 foi a ratificação de que o conhecimento científico deve sempre ser o balizador das condutas em saúde, assim conseguimos reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida da população.


A aprovação do piso nacional da enfermagem no ano passado gerou muita polêmica, sobretudo porque não se discutiram as formas de financiamento. Qual a sua opinião sobre o piso?


É importante ressaltar que nós acreditamos que é de extrema importância a valorização dos profissionais da enfermagem e a implantação do piso.


O que deve ser enfrentado também é a questão do financiamento desses custos para as instituições de saúde, haja vista que este é um setor cujas margens de lucro são pequenas e os custos com a assistência têm se elevado, ano a ano, muito acima da inflação geral, então, é preciso desonerar o setor para viabilizar o aumento salarial da enfermagem. Este é um ponto importante.


O senhor continua à frente do PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e integra o governo Lula. Comente sobre a política de saúde pública federal, de retomada maciça da vacinação e da repaginação do Mais Médicos.


O Brasil, com seu plano de imunização, sempre foi referência mundial e também referência em combate às doenças infecciosas.


A retomada das vacinações como um programa do governo federal é de fundamental importância para que a gente não tenha consequências graves como o retorno de doenças infecciosas já erradicadas, como a poliomielite. 


O avanço da vacinação ao longo das décadas foi uma grande conquista da ciência porque permitiu minimizar os efeitos das doenças infeccionas na mortalidade precoce da população, portanto, é algo muito importante. 


É importante dizer que é preciso dar atenção à má distribuição de médicos, principalmente nas menores cidades do País e nas comunidades mais distantes e de difícil acesso. 


Vale ressaltar que, no nosso entendimento, é preciso uma avaliação da qualificação dos médicos, que poderão atender os mais diversos programas, como o Mais Médicos, e a revalidação do diploma de médicos estrangeiros é fundamental para garantir atendimento de qualidade à população.

 

O PSB tem uma liderança forte no município.  O partido pretende ter algum alinhamento com a atual prefeita, como teve com o antecessor dela?


O presidente da Câmara e presidente municipal do PSB, vereador Carlão, tem absoluta capacidade para conduzir os posicionamentos do PSB no Município de Campo Grande.


O seu nome foi cogitado para ser vice-governador nas eleições passadas, mas você acabou não concorrendo. Tem planos de voltar a disputar eleições?


Não tenho, nosso compromisso é com a gestão da Cassems. 


Perfil

Ricardo Ayache


Ricardo Ayache é médico formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.


Médico do Hospital Regional de MS. Participou ativamente da fundação da Cassems e preside a entidade desde 2010. Recentemente, foi reconduzido à presidência da Cassems, para mandato que tem validade até 2027. 


Com informação do Portal Correio do Estado

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